Designer Especialista | Designer Generalista

30.7.2023

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Artigo #07 | Designer Especialista - Designer Generalista

30.7.2023

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Temporada
1
Episódio
7
Os avanços científicos e tecnológicos criaram — e continuam criando — camadas de especialização cada vez mais profundas no universo do design. Por outro lado, as abordagens generalistas são essenciais na hora de inovar, tanto para criar produtos originais quanto para resolver problemas complexos. Nesse artigo nós falamos sobre as diferenças e similaridades dessas duas trilhas profissionais, e também contamos sobre a nossa experiência na Primata.

Chega a ser impressionante a idolatria com quem “pensa fora da caixa”, como se a criatividade fosse uma habilidade exclusiva de algumas poucas pessoas.

Ironicamente, são raros os ambientes que incentivam de verdade as experimentações e são tolerantes com erros, falhas ou possíveis resultados insatisfatórios de alguma ideia nova.

É como se a equipe ou a pessoa criativa tivesse que ter um momento Eureka na hora certa, o que contraria a própria essência imprevisível do momento Eureka.Nenhum projeto pode ser refém de brilhantismos randômicos, porque isso sim significaria um risco para os investimentos de tempo e dinheiro, assim como uma incerteza com relação aos resultados.

Nesse contexto, o grande desafio é conciliar progresso com segurança e inovação com previsibilidade, o que geralmente é feito com planejamentos e estruturas sólidas, mas também — erroneamente — através da constante busca por brilhantismos individuais.

Nesse artigo nós falamos sobre a essência democrática da criatividade, reforçando a visão de que ela é algo inerente a todas as pessoas, e apresentamos alguns requisitos para que ela possa florescer.

No final, também mostramos um framework próprio da Primata, a Copa do Mundo de Ideias, e mostramos algumas técnicas que ajudam a potencializar a criatividade colaborativa.

Por que somos todos Primatas Criativos?

Uma das nossas grandes referências para a escolha do nome “Primata Criativo” foi justamente essa essência ancestral da criatividade, intrínseca em todos nós desde os primórdios.

Como comentamos aqui, nossos “primos distantes” já faziam design há centenas de milhares de anos, lascando pedras para criar ferramentas e joias.

Pintura rupestre de um javali selvagem, com mais de 45,5 mil anos. Encontrada na Indonésia em

A comunicação gráfica também é uma das nossas linguagens mais antigas, e inicialmente também era usada para transmitir conhecimentos tecnológicos e culturais.

Tão impressionante quanto essas criações terem ocorrido há tanto tempo é o fato de que elas sobreviveram até hoje, o que não seria possível sem técnicas sofisticadas

Isso mostra que a capacidade de imaginar, construir e manifestar algo novo sempre fez parte de nós, e todos podemos fortalecer essa habilidade, é só uma questão de prática e aperfeiçoamento.

A Criatividade como algo de "Superstars"

Por diversas questões, pela forma como a cultura da nossa sociedade se desenvolveu ao longo dos séculos, a criatividade foi sendo separada do dia a dia. Essa cisão ficou ainda mais intensa após a revolução industrial, com as produções em série e massificação.

Hoje vemos a criatividade ser podada desde cedo, na escola ou no lar — e a crença de que a criatividade é uma espécie de dom também vai passando de geração em geração. Que equívoco.

Nesse mesmo sentido, os ambientes sociais também se tornaram cada vez menos tolerantes às experimentações, pois erros resultam em punições.



A Criação de Adão, de Michelangelo.

Com o passar do tempo, a criatividade ficou cada vez mais restrita às manifestações artísticas ou profissões específicas, e aos demais seres humanos, que supostamente não foram abençoados, só resta o trabalho.

Em meio a tudo isso, agora a sociedade nos pede: sejam diferentes, pensem fora da caixa, inovem (mas obviamente sem muitos riscos). Como?

O poder das Tribos Criativas

Depois de tantas experiências boas e ruins, aprendemos na teoria e na prática que para trabalhar com a criatividade, também é preciso saber trabalhar a inteligência do grupo.

Ao invés de esperar pelo brilhantismo de um indivíduo "iluminado", precisamos de dezenas ou centenas de ideias para escolhermos colaborativamente as que tem maior potencial. Duas (ou muitas) cabeças pensam melhor que uma, não é?

No livro O Poder do Nós, os psicólogos Dominic Packer e Jay Van Bavele mostram alguns elementos que tornam grupos mais inteligentes, e a inteligência emocional tem um papel fundamental.

  1. Diversidade: Grupos diversos são mais propensos a ter uma gama mais ampla de perspectivas, o que permite uma melhor geração e avaliação das ideias.
  2. Integridade: Quando as pessoas confiam umas nas outras, elas sentem maior abertura para compartilhar suas ideias, e por isso tendem a ser mais honestas e dar maior abertura para receber críticas.
  3. Tempo: Quando todos se sentem ouvidos e respeitados, o compromisso com a tomada de decisão é maior — ou seja, quanto menos autoritarismo e tagarelice, melhor.
  4. Comunicação: Os grupos que são capazes de se comunicar de forma eficaz são mais propensos a entender uns aos outros e a chegar em consenso. Na práica isso significa evitar picuinhas ou meias palavras.

Quando colocadas em prática, essas quatro diretrizes permitem que a ideias surjam com mais naturalidade e fazem com que as pessoas se sintam mais confortáveis no caótico processo criativo.

As coisas ficam ainda melhores quando temos objetivos claros e todos possuem acesso a informações de qualidade a respeito do projeto.

Instrumentos Criativos

As ferramentas também possuem um papel fundamental para o sucesso da criatividade, sejam elas instrumentos musicais, pinceis, tintas ou lata de spray, um martelo e serrote, uma metodologia ou um framework, enfim...



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A evolução do artificial está diretamente ligada a evolução das ferramentas de cada tempo, por isso também é importante ficarmos atentos às tecnologias que permitem a produção criativa.

A Copa do Mundo de Ideias é uma das nossas ferramentas criadas para ajudar a decidir qual a melhor ideia do grupo, utilizando um sistema de rodadas eliminatórias onde diferentes conceitos são colocados frente a frente para saber qual atende melhor os critérios do desafio/objetivo.Esses critérios também são estruturados de acordo com cada projeto, por exemplo, no caso da escolha de um nome: qual soa melhor, qual é mais memorável, quais associações positivas ele promove, entre outros.

Cada um desses critérios "marca um gol" para uma das duas ideias em disputa, o que não impede a possibilidade de um possível empate tanto do próprio critério específico, quanto da "partida", o que é resolvido por um momento de deliberação mais aberto.

Também há um "critério de segurança" para barrar possíveis ideias prejudiciais, como por exemplo, ainda aproveitando o exemplo dos nomes, "possível sensação ruim que ele causa".

Framework da Copa do Mundo dos Nomes, elaborado pela Primata Criativo.

A substituição do brainstorm pelo brainwrite (também conhecido como Técnica de Grupo Nominal) trouxe resultados infinitamente melhores, especialmente ao impedir que aquela pessoa tagarela domine a sessão de ideação. E ao trabalhar as anotações anonimamente, suprimimos egos inflamados e julgamentos que podem ser prejudiciais para o projeto.

No fim das contas, adotamos algo que chamamos internamente de Processo Darwiniano de Ideação: os insights mais fortes ou adaptáveis sobrevivem ao processo de avaliar e testar ideias.

Conclusão

Todas as pessoas são criativas e podem ajudar a imaginar e a criar algo novo, mas se o ambiente não dá abertura para erros, se os encontros não permitem que todos falem, se a chefia intimida ao invés de liderar, se não há confiança entre os membros da equipe e se não há ferramentas apropriadas, nem com toda inspiração do mundo é possível criar algo original e de qualidade.

Se você gostou desse conteúdo, e tem curiosidade para saber mais sobre os nossos métodos e ferramentas, fique ligado porque tem muita coisa boa saindo da fogueira!

Não confunda Generalista com Multitasking

Qualquer pesquisa rápida mostra muitas correlações entre o perfil generalista e o multitasking, mas diversos estudos já provaram: multitasking não existe.

Nosso cérebro possui limitações em termos de concentração, por isso alternar rapidamente entre diversas tarefas não significa maximizar o desempenho.

A bagunça do multitasking.


O designer generalista é aquele que possui conhecimentos e habilidades de diversas áreas diferentes. Sabendo enxergar o todo, ele geralmente é a pessoa que lidera, gerencia e fecha grandes projetos.

Versátil e acostumado a aprender, ele também se adapta mais facilmente às mudanças e adversidades, e possui uma margem muito maior para realizar testes e experimentações.

Essa versatilidade tem sido cada vez mais importante principalmente por dois motivos:

  1. Resiliência: maior naturalidade para lidar com as constantes transformações, evoluções e instabilidades do universo do design;
  2. Criatividade: otimização da capacidade de correlacionar métodos, técnicas e ferramentas de modo não usual para inovar e resolver problemas de modo original.


Especialista

O especialista tende a estar no topo da eficiência e da otimização de qualquer tipo de trabalho, mas para que isso possa acontecer, ele também depende de condições mais estruturadas.

No começo da carreira é natural que todo designer se especialize em alguma técnica ou ferramenta, porque essa é a cultura da nossa sociedade em termos de formação profissional e de mercado de trabalho.

Essa especialização tende a gerar resultados mais significativos no curto e no médio prazo, especialmente quando falamos de bons salários e progresso de carreira.

O problema é quando essa dedicação se torna muito restrita durante anos, ou mesmo durante a vida toda, em alguma técnica ou ferramenta que pode ser substituída do dia para a noite (alô Inteligências Artificiais!).

Enquanto o designer especialista é uma espécie de carro de Fórmula 1, o generalista é um carro de rally.

@Red Bull


Apesar das diferenças, essa distinção se torna mais nebulosa dependendo da perspectiva em que é analisada, porque dependendo do contexto, um generalista ainda pode ser visto como um especialista, e vice-versa.


Pontos comuns

Por essência, o Designer já precisa saber muito sobre muitas coisas.

Isso acontece tanto "internamente", com a enorme quantidade de ferramentas, técnicas e métodos do próprio universo do design, quanto "externamente", nas correlações comuns com as áreas de tecnologia, negócios, vendas, marketing, branding etc.

Isso tudo, é claro, sem comentar as correlações incomuns.

“O Designer não é um estudante de disciplinas, é um estudante de problemas.”

Quando falamos sobre design e inovação, essa amplitude do Designer fica ainda mais evidente, porque a diversidade de conhecimentos pode trazer benefícios imagináveis na hora de criar produtos marcantes ou solucionar problemas de modo original.

Na Primata

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Design de Praticamente Qualquer Coisa @Primata Criativo

Desde as origens nós sempre tivemos o interesse de atender projetos diversos, e por isso nós nunca nos limitamos a apenas alguma área específica.

Mas para se especializar em algo tão diverso como criatividade e inovação, duas abordagens foram fundamentais:

  1. A constante busca por novos conhecimentos e descobertas (para além das imersões de cada projeto);
  2. A especialização em métodos e metadesign.


De modo aparentemente paradoxal, essa especialização foi o que potencializou a nossa essência generalista, porque apesar de cada projeto ser único, o tempo nos mostrou que no universo da inovação, todos também possuem problemas, dores e desafios em comum.

Essa compreensão sobre padrões e peculiaridades — além da expertise dos mais de 400 projetos em áreas diversas — foi estruturando os nossos PriMétodos e o Pique Primata: um grande pack de princípios, métodos, técnicas e ferramentas que são remodelados por nós de maneira única, de acordo com as necessidades de cada projeto.

Especialista ou generalista, o papel do designer sempre exigirá questionamentos e entendimentos mais amplos, aproveitando novas aprendizagens, referências e inspirações — por vezes incomuns — para propor algo novo.

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